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ANJOS OU DEMÔNIOS?

Autor Gilberto Schoereder
17/06/2025

Nas lendas da antiga Pérsia, os seres conhecidos como peris surgiam como entidades sobrenaturais. Dependendo da versão, eram vistos como seres benéficos ou demoníacos.



Publicado originalmente na revista Sexto Sentido 78 (2006).
Imagem da capa: Peri nas Portas do Paraíso (escultura de Thomas Crawford, 1854-56).

 

Representação de um peri, em pintura do século 19 (Wikimedia).

Uma versão da lenda diz que os peris governaram a Terra por dois mil anos, antes de Adão. Seu rei se chamava Gian e possuiria um escudo mágico para se proteger de feitiçarias. Outras fontes dizem que os peris eram seres sobrenaturais, anjos caídos, aos quais o paraíso foi proibido até que se penitenciassem. Originalmente, seriam agentes do mal, mas nas versões posteriores da mitologia passaram a ser identificados como espíritos benevolentes.
Segundo o The American Heritage, dicionário de língua inglesa, a origem do nome vem do persa par ou pari, um espírito malévolo; no Avesta – o livro sagrado do zoroastrismo –, é pairik, uma espécie de demônio feminino. Mas a presença desses seres é mais extensa, e diz-se que a existência de seres sobrenaturais conhecidos como peri é citada desde a Índia até a Turquia.
Eram apresentados como seres semelhantes a fadas ou anjos, com asas, que, em certas ocasiões, visitavam o reino dos mortais. Eles eram perseguidos pelos seres malévolos inferiores chamados divs, que os aprisionavam em jaulas de ferro. Segundo a lenda, eles faziam isso porque os peris não tinham autoestima suficiente para se unir à rebelião contra o Bem.
Frequentemente os div são vistos como uma variação dos devas do Hinduísmo, espíritos maléficos que adoravam prejudicar as pessoas e provocar destruição. No entanto, como ocorre com os peris, às vezes esses devas também são considerados seres benévolos que ajudam as pessoas em tarefas difíceis. São apresentados como criaturas com características humanas e animais misturadas, com dois braços e duas pernas como os humanos, mas podem ter a pele azul-escura ou vermelha brilhante, com um rabo como o de leão; ainda têm presas afiadas, chifres e, em algumas versões, bico de ave; podem ter pés com garras ou cascos e gostam de ornamentos de ouro. Para não falar da genitália imensa. Já dá para perceber de onde veio a ideia cristã do demônio, que se espalhou pelo planeta especialmente a partir da Idade Média.

                                                      Um peri voando, com uma taça de vinho (pintura atribuída a Shah Quli, meados do século 16).

No poema Lalla-Rookh (1817), Thomas Moore também se referiu aos peris, na parte intitulada Paradise and the Peri, na qual um peri consegue acesso ao céu depois de três tentativas de dar a um anjo o presente mais adorado por Deus. O presente finalmente aceito foi a lágrima de um velho malévolo, que se arrependeu depois de ver uma criança rezando nas ruínas do Templo de Júpiter, também chamado de Templo do Sol, em Baalbek, no Líbano.
Alguns pesquisadores entendem que esses seres, assim como as fadas, os duendes e outras criaturas das lendas europeias, podem ser encarados de outros pontos de vista que não o da mitologia. Em outras palavras, entendem que as histórias podem ter origem em criaturas reais, que, em determinadas ocasiões, têm acesso ao nosso mundo ou à nossa dimensão. Para os defensores da atuação extraterrestre no passado longínquo da Terra, as descrições mitológicas poderiam ser inspiradas por visões reais dos seres que nos teriam visitado.

 

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