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O LIVRO DE DZYAN

Autor Gilberto Schoereder
07/12/2020

A existência do Livro de Dzyan tornou-se conhecida no mundo ocidental devido a Helena Blavatsky, e deu origem a inúmeros estudos e controvérsias.


(Foto: FreeImages.com/Ayhan Yildiz).

Hoje em dia é possível encontrar o Livro de Dzyan, com o título O Livro Perdido de Dzyan, em edição brasileira da Editora Pensamento, em seis partes, em qualquer livraria. No entanto, essa facilidade não diminuiu o mistério em torno do texto, apresentado ao mundo por Helena Petrovna Blavatsky, a fundadora da Teosofia, e uma das principais – senão “a” principal – divulgadora dos ensinamentos religiosos orientais no mundo ocidental, mais exatamente, a sabedoria vinda do Tibete.
Segundo Blavtsky disse, esses textos antigos foram a base para a elaboração de seu livro A Doutrina Secreta (The Secret Doctrine, 1888). E, apesar de desde então terem sido muito citados no meio esotérico, o que se sabe sobre sua origem é apenas o que a própria Blavatsky afirmou. Entre outras coisas, diz-se que o livro é mais antigo do que a própria Terra, e que seu nome vem do sânscrito dhyâna, que significa “meditação mística”, sendo que “dzyan” seria a pronúncia tibetana ou mongol.
Os teosofistas entendem que o Livro de Dzyan, “(...) em sua forma física como rolo de papiro, ou livro, ou manuscrito”, como lembrou o teosofista Gottfried de Purucker (1874-1942), “é, como Blavatsky disse, não muito velho, provavelmente cerca de mil anos, e é parte de uma série de trabalhos tibetanos bem conhecidos e mais ou menos comuns, bem conhecidos inclusive exotericamente, chamados Kiu-ti”.
Blavatsky afirmou ter visto um manuscrito do livro quando estudava doutrinas esotéricas no Tibete, e que esse e outros manuscritos eram mantidos guardados por iniciados, e que foi escrito em uma linguagem sagrada chamada senzar, uma linguagem misteriosa e desconhecida de quaisquer linguistas do planeta, que teria sua origem nos tempos pré-históricos, e que nada mais seria senão uma linguagem de simbolismos. Segundo ela, a primeira parte das doutrinas esotéricas é baseada em stanzas, ou poemas, que são os registros de um povo desconhecido da etnologia, e escritos em um idioma igualmente desconhecido da ciência.

Os etéreos seriam seres andróginos do Sol (Foto: NASA/ SDO/ AIA/ Goddard Space Flight Center).

As comunicações do Dzyan afirmam que a primeira raça foi constituída pelos etéreos, seres andróginos do Sol. A segunda, por monstros estúpidos de Júpiter; e a terceira teria sido a dos lemurianos, no continente da Lemúria, que na verdade seriam anjos decaídos de Marte e Vênus. A quarta raça teria sido a dos atlantes, descendentes da Lua e de Saturno. A quinta raça, a nossa atual, descende de Mercúrio.
Segundo Blavatsky, a tradição diz que o livro foi ditado pelos Seres Divinos aos Filhos da Luz, na Ásia Central, no início da quinta raça, e que ele é, na verdade, a origem de praticamente todos os livros sagrados conhecidos, passando pelos mais antigos manuscritos dos hebreus, da Caldeia, da China, do Egito, Índia, e o próprio Pentateuco.
Como ocorre com outras fontes – algumas tão pouco conhecidas quanto essa – o Livro de Dzyan também costuma ser citado como referência no que diz respeito a uma suposta colonização da Terra por seres extraterrestres ou, no mínimo, a atuação definitiva desses seres no desenvolvimento das civilizações terrestres. Em seu clássico O Despertar dos Mágicos (Le Matin des Magiciens, 1960), Louis Pauwels e Jacques Bergier disseram que “O Livro de Dzyan fala de ‘mestres de rosto fascinante’ que abandonaram a Terra, retirando os seus conhecimentos aos homens impuros e apagando por meio da desintegração os vestígios de sua passagem. Partem em carros voadores, impelidos pela luz, ao encontro do país ‘do ferro e do metal’ a que pertencem”.

Helena Blavatsky.

Entre os ocultistas, fala-se que o Livro de Dzyan era “magnetizado” de tal forma que os iniciados eram capazes de ver diante de seus olhos os acontecimentos nele descritos, apenas ao tocá-lo com a mão. Fala-se que enormes coleções dos livros seriam mantidas escondidas por fraternidades secretas em galerias subterrâneas nas Montanhas Kun-lun, ou no maciço rochoso de Altyn-tag, na China.
No entanto, Erich von Däniken registrou que ninguém jamais exibiu de fato esse livro ou os livros que o compõem, e que apenas pequenos trechos chegaram até os dias de hoje, surgindo no meio de outros textos transcritos para o sânscrito.
Além de uma interpretação do Gênese, em estrofes que são conhecidas hoje em dia, algumas pessoas sustentam que o Dzyan fala de seres que habitavam a Terra há 18 milhões de anos, seres sem inteligência, e de seres que viveram há 4 milhões de anos, em um mundo de “sonhadores felizes”, e também de uma raça de gigantes que teria habitado o planeta.
As elucubrações em torno do suposto conteúdo do livro atribuem a ele a informação de que em 9.564 a.C. extenso território situado entre a Flórida e a ilha de Cuba teria sido submerso no oceano, lembrando as lendas sobre a civilização submersa da Atlântida, e que poderiam ser comprovadas pela descoberta das ruínas em Bimini, exatamente nessa região do Caribe.

Blavatsky disse que o Livro de Dzyan é um dos volumes do Kiu-Te, um livro tibetano razoavelmente conhecido, ou mais propriamente o primeiro dos 14 volumes dos Comentários, que representa a parte esotérica do Kiu-Te que, por sua vez, é uma obra relativamente moderna, tendo sido editada no último milênio, enquanto os mais antigos volumes dos Comentários são de idade incalculável, recuando, segundo alguns pesquisadores, aos tempos da Atlântida.
Blavatsky também explicou que o livro, como apresentado em A Doutrina Secreta, é uma tradução moderna que mistura alguns textos e procura torná-los mais compreensíveis. Diz-se que apenas em 1975 o Kiu-Te foi definitivamente identificado como sendo os tantras budistas tibetanos, guardados cuidadosamente pelos lamas do Tibete.
Outros estudos entendem que a origem do Livro de Dzyan pode estar nos Cânones Sagrados do Budismo Tibetano, que são divididos em dois volumes: o Kandshur, ou Kanjur; e o Tandschur, ou Tanjur. O Livro de Dzyan seria uma parte perdida do Tandschur, que apresenta comentários ao Kandschur, conhecida como Kâlachakra Tantra.


 

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