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A Atlântida na América

Autor Gilberto Schoereder
11/01/2016

O escritor Gene D. Matlock defende a ideia de que o nome Atlântida nunca existiu, mas que era apenas a forma como os habitantes do antigo México se referiam às suas cidades.


Além de ser um dos mitos e pesquisas históricas mais persistentes da humanidade, a existência da Atlântida também propiciou o desenvolvimento de uma enxurrada de teorias.
Uma das mais interessantes é a de que a Atlântida se localizava, na verdade, na América, mais especificamente na civilização maia. E um dos mais insistentes pesquisadores dessa suposta conexão é o escritor Gene D. Matlock, autor do livro The Last Atlantis Book You’ll Ever Have to Read – The Atlantis – Mexico – India Connection. Matlock pesquisou e analisou diferentes culturas e linguagens, comparando-as com o védico e com as antigas culturas da Ásia, encontrando similaridades que, segundo diz, não podem ser atribuídas ao acaso.

Esculturas em Tula (Foto: Alejandro Linares Garcia/ Wikipedia).

Ele diz estar convencido de que antigas cidades do México estão relacionadas a Atlántepec, que seria a origem do mito da Atlântida. Matlock entende que não devemos continuar com as “adivinhações” sobre a Atlântida, e sim começar a procurar pela “metade submersa” da Atlântida a partir da costa sudeste do México, ou Atlántepec. Inúmeros nomes de localidades no México estariam, então, relacionados à Atlântida: Atlán, Autlán, Mazatlán, e dezenas de outros, notando que a raiz desses nomes é a mesma “tlan” de Atlântida.
O escritor, que cresceu no México e estudou vários idiomas locais, diz que não existe apenas uma, mas várias Atlântidas no país, e elas ainda estão lá, mas uma delas, um dia, afundou nas águas do Caribe. A hipótese de Matlock não é nova, é verdade; vem sendo desenvolvida ao longo dos anos por uma série de pesquisadores, geralmente desconsiderados por historiadores e arqueólogos da chamada linha “ortodoxa”. No entanto, trata-se de uma hipótese que ganha força a partir da descoberta de ruínas no fundo do mar, próximo à costa de Cuba, anos atrás. Ruínas que se juntam, nas especulações dos pesquisadores que seguem uma linha alternativa e não oficial, às já conhecidas ruínas de Bimini, também no Caribe, porém mais próximas da costa da Flórida.
Além da fonte tradicional de informações sobre a Atlântida, Platão, Matlock cita o historiador grego Seculus, segundo o qual os fenícios de Cartagena possuíam uma grande e rica ilha no Oceano Atlântico, que chamavam de Al Atlantis. Eles teriam chegado a ela acidentalmente quando alguns de seus navios se perderam e foram levados pelas correntes oceânicas. Ele também disse que os fenícios mantiveram segredo sobre a rota para essa ilha. Plutarco escreveu que tanto fenícios quanto gregos visitaram essa ilha, que estava “no lado oeste do Atlântico”, e alguns deles até mesmo se casaram com mulheres nativas.

Matlock diz que, na época da conquista espanhola, o povo do México tinha sonhado com a abertura do rio Chimalapán, restabelecendo uma antiga conexão entre as costas do Golfo e do Pacífico. O Panamá, que fica mais ao sul do istmo de Tehuantepec, teria seu nome derivado do sânscrito Pana-Maha (a grande travessia), sendo que a palavra sânscrita pani se refere a “mercadores que iam de um lugar a outro”. Já em nahuatl – o idioma original da região – pan significa “viajar de um local a outro”, e teria sido uma herança dos fenícios.
Os meso-americanos de antes da conquista espanhola afirmavam que sua primeira cidade era Tollán ou Tula. As ruínas toltecas de Tula – nas quais a cidade maia de Chichén Itzá foi baseada – também se chamam Tollán. Mas esses nomes, diz Matlock, são antigos nomes dos povos que ocupavam a Turquia e a Ásia Central e que, com seus parceiros hindus, os ramanakas, fundaram todas as civilizações da Terra, até mesmo as do Egito e Suméria, incluindo as nações das Américas.
A antiga Índia se localizava entre duas nações bem maiores: ao norte, Tannu-Tuva, a terra dos antigos turcos; ao sul, uma nação maior que ambas, Lanka ou Ceilão. No tempo de Noé, aquele da Bíblia, uma grande inundação na região de Altai, em Tannu-Tuva, forçou os árias ou kurus a migrar para a Índia, unindo-se aos ramanaka, eventualmente tornando-se uma única nação chamada Índia. Mais tarde, junto com os hindus chamados drávidas, exploraram e colonizaram as Américas.

Segundo o historiador indiano Akshoy Kumar Majumdar, autor de The Hindu History, os hindus chamaram a América do Norte de Pushkara (terra dos grandes lagos) e a América do Sul, de Kusa Dvipa (terra dos fine grasses, referindo-se aos pampas da Argentina e Chile). Ambas as Américas lembram a forma de uma águia com as asas abertas (ou o pássaro Garuda) e foram chamadas Vishnu Kranta. Quando os navegadores do povo Naga/Kubera chegaram à América, chamaram a América do Norte de Quivira (terra de Kubera).
O hemisfério oriental foi chamado Tala ou Talan (o mundo superior), e o ocidental, Atala ou Atalan (o mundo inferior). Tala significa “abaixo da superfície” e Atala “no, próximo ou abaixo da superfície”. Segundo Matlock, a palavra inglesa “atoll”, uma ilha rasa quase no nível do mar, deriva de atala, palavra que eventualmente se tornou a palavra nahuatl para “água”: atl. Assim, qualquer construção dos antigos nahuas na água ou próxima da água eram chamadas atlantech ou atlantesh. No entanto, outros atlantesh não indicavam necessariamente esse tipo de construção, como é o caso da cidade-ilha de Mexcaltitán, na costa de Nayarit, da cidade de Janitzio, numa ilha no centro do Lago Patzucaro, e a cidade de Xochimilco, próximo da Cidade do México. Os mexicanos reverenciam essas ilhas como o local do qual partiram em sua odisseia até o Vale do México, onde construíram sua atlantesh chamada Tenochtitlán, atual Cidade do México.

Desenho mostrando o planejamento da cidade/ilha de Mexcaltitán (Imagem: Andy Raeber, 1980).

Em Mexcaltitán, é fácil perceber a forma circular e as ruas em forma de canal, muito parecidas com a descrição de Platão. Hoje em dia existe no local, na costa, a vila de San Pedro Aztatlán que, segundo Matlock, muitas pessoas erroneamente chamam de Aztlán. Ele diz que aprendeu sobre os atlantesh e San Pedro Aztatlán com alguns dos mais importantes arqueólogos do México, mas que mexicanos ativistas políticos nos Estados Unidos dizem que os antigos mexicanos estavam totalmente errados acerca da verdadeira localização de Aztatlán, que erroneamente chamam Aztlán, insistindo que Aztlán está, na verdade, nos desertos do sul da Califórnia e Arizona, nada tendo a ver com água.

Continuando sua jornada lingüística do Oriente até a América, Matlock diz que a nação Tannu-Tuva teve seu nome derivado do sânscrito Danu, significando “conquistador” e, posteriormente, o império se fragmentou em pequenas nações. Os danu passaram a ser conhecidos biblicamente como a tribo de Dã (Josué, 19: 40. Deuteronômio 33: 22. Gênesis 49: 16), espalharam-se pelo mundo, deixando seu rastro linguístico, inclusive no México e na América Central.
O México deve seu nome ao povo conhecido como mexica (meshica), também chamado aztateca, extremamente desenvolvido, mas ao mesmo tempo belicoso e com rituais canibalescos e sangrentos, temido e odiado pelas demais tribos da região. Os aztatecas são também astecas, e aztika é o nome sânscrito para “povo religioso” ou aqueles que seguem os vedas hindus.

                                  Tenochtitlán e ilhas no lago Texcoco (Imagem: Hanns Prem/ Wikipedia).

O autor indiano Chaman Lal, em seu livro Hindu America, diz que estudos linguísticos realizados pelo dr. Magaña Peón e pelo professor Humberto J. Comyn – ambos membros da Geographical Society do México –, envolvendo os idiomas nahuatl, zapoteca e maia, indicam que eles são de origem indo-europeia, turca e sânscrita.
Também na região de San Lorenzo Tenochtitlán podem ser encontradas referências à famosa descrição de Platão. Segundo Gene Matlock, já havia referência a isso nos anos 1970, no livro La Atlântida Está en México, do engenheiro mexicano Eduardo Robles y Gutiérrez. Perto dali existia um abrigo em forma espiralada com diques altos alinhando os canais, como descrito por Platão. Diz-se que as ruínas de Tenochtitlán ou San Lorenzo pertencem ao povo olmeca ou à cultura olman. E Matlock diz que ulmak e ulman são as palavras turcas para Adão, que por sua vez significa apenas “homem”.

Enfim, o que Matlock está dizendo é que o nome Atlantesh – que, como foi dito, significava um lugar próximo da água ou na água –, foi confundido. As pessoas que contaram aos egípcios as histórias sobre a fabulosa cidade que afundou não conheciam seu nome, mas apenas a denominação geral, a palavra nahuatl atlantesh.

No livro El Orígen de los Índios, o padre Gregório Perez escreveu que os aztatecas chamavam o Oceano Atlântico de Atlantona (esplendidamente radiante senhora das águas). Seu nome para Atlas era Atlante. As abóbadas dos templos representavam o Mundo Superior, ou Talan. As colunas em forma de ídolos sustentando as abóbadas eram chamadas Atlantes.
A teoria de que a Atlântida ou Atlantesh original se encontra debaixo do Mar do Caribe ganha adeptos. O antropólogo George Erikson também defende a ideia. Ele é o autor do livro Atlantis in America: Navigators of the Ancient World, juntamente com o professor Ivar Zapp, da Universidade de Costa Rica, e defende o conceito de que essa civilização, ou pelo menos parte dela, desapareceu há 11 ou 13 mil anos.
Matlock retorna aos livros dos hindus para se referir mais uma vez à origem do nome e do povo que construiu os atlantesh. Segundo as histórias do povo kubera, algumas tribos do norte e do sul, incluindo os maias do Ceilão, foram exiladas para o México (Patala) e se instalaram numa ilha chamada Trikuta, na costa do Iucatã e Veracruz. Mais tarde, uma violenta catástrofe fez com que Trikuta submergisse no oceano. De qualquer forma, um pico que existia entre San Lorenzo Tenochtitlán e o local onde Trikuta afundou era muito alto para afundar na água. Segundo o escritor, hoje nós conhecemos esse pico como Monte Orizaba. Os olmecas o chamavam de Citlaltéptl (montanha das estrelas), e é o terceiro maior pico da América do Norte.

O Citlaltéptl, ou Pico de Orizaba (Foto: Isaac Ramirez Chiunti).

Aqueles que rejeitam o conceito de que essa Atlantesh real tenha existido na parte hoje submersa do México lembram que Platão mencionou que a Atlântida tinha elefantes. Matlock recorda que existe um animal selvagem na América Central, com uma tromba curta, o tapir, que lembra um elefante. De qualquer forma, um grupo de estelas em Copán, Honduras, mostra elefantes que, segundo o escritor, podem ser as lembranças maias de seus ancestrais que vieram de um país em que havia elefantes, referindo-se ao Ceilão.

 

 

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