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O CONTINENTE PERDIDO

Autor Gilberto Schoereder
19/08/2015

O que era um relato de natureza filosófica, elaborado por Platão, transformou-se numa lenda de proporções jamais vistas no planeta, levando a uma procura incessante pela verdadeira localização do continente da Atlântida.

Galaxy Productions/ MGM


Era uma vez, em uma terra distante, um povo que vivia em paz com a natureza e consigo mesmo, equilibrando seus conhecimentos científicos com objetivos humanitários. Esse povo construiu uma civilização sem igual e espalhou sua influência por vários continentes, não com a intenção de conquistar, mas simplesmente para compartilhar os avanços que tinha obtido.
Até que os dias terríveis chegaram. Alguns sábios resolveram utilizar seu imenso conhecimento para ganhos pessoais e para dominar o povo. O resultado foi uma conflagração tão violenta que determinou o fim da civilização, a destruição de suas cidades e o desaparecimento de todo o continente no fundo do oceano.
Isso tudo poderia ser o resumo de diversas lendas das mais variadas culturas. Mas há algo nessa história que assusta muita gente, uma vez que existem grandes semelhanças entre ela e o que vem acontecendo em nosso mundo atualmente: um desenvolvimento sem freios da ciência e da tecnologia, sua aplicação impensada, a possibilidade de uma guerra nuclear, o final dos tempos, etc. Na verdade, para alguns esotéricos, o receio do final dos tempos, que há muito incomoda a humanidade, tem relação direta com a Atlântida: seria fruto do que as vítimas da catástrofe projetaram psiquicamente enquanto o continente submergia. Essas imagens teriam sido gravadas no inconsciente coletivo e, de tempos em tempos, sob a influência de determinados estímulos, voltariam a aflorar.

Detalhe de A Escola de Atenas, com Platão (esquerda) e Aristóteles (Rafael, 1509).

Seja como for, costuma-se dizer que a primeira referência conhecida sobre a existência da Atlântida surgiu nas obras de Platão, Timeu e Crítias –, ambas escritas por volta de 380 a.C – e, de fato, é de sua obra que foi emprestado o nome do continente. Platão fez um relato pormenorizado da cultura atlante, situando-a 9 mil anos antes de sua época. Mas outro grego, Hesíodo, já se referia a uma “raça de ouro” por volta do século 8 a.C., um povo que teria existido antes da chegada dos deuses. Esta última noção, na verdade, está mais próxima do conceito sobre o Éden cristão: um local onde não existiam doenças e preocupações, onde a natureza fornecia o que era necessário para a vida e não havia necessidade de governo ou lutas pelo poder.
Bem antes disso, na Índia, já se falava sobre a existência de uma Era de Ouro, a krita yuga, que teria ocorrido milênios atrás, quando todos os seres eram sábios e viviam em paz. A Babilônia também conhecia histórias sobre um período no qual as pessoas viviam milhares de anos. E no Novo Mundo, desde os tupis da América do Sul até os hopi da América do Norte, a maioria dos povos indígenas conhece lendas sobre uma terra maravilhosa, de onde seus ancestrais teriam fugido para escapar de uma catástrofe sem precedentes.
Assim como o Grande Dilúvio, a lenda de um paraíso perdido parece ser universal, e foi justamente esse fator que despertou o conceito de que, mais do que representar um local mitológico ou estado ideal das coisas, a Atlântida teria existido de fato.
Nesse caso, como localizá-la? Para isso, as melhores informações vieram de Platão.

Mapa do suposto império da Atlântida (Ignatius Donelly, em Atlantis: The Antediluvian World, 1882).

O lugar mais aceito como provável localização da Atlântida é um ponto entre a América do Norte e a Europa, a nordeste da América do Sul e noroeste da África. Também se fala que o continente teria existido mais ao sul, entre a América do Sul e a África, e que ele era maior do que se imaginava, estendendo-se do hemisfério norte ao hemisfério sul. Já se disse que as ilhas Canárias seriam um resquício do continente, assim como as ilhas Bimini, nas Bahamas, próximas à costa da Flórida, onde pesquisas arqueológicas descobriram ruínas submersas.
As pesquisas mais recente são de um grupo de cientistas russos que, em 1998, liderou uma equipe de 20 pessoas, sob o comando do cientista russo Viatcheslav Koudriavtsev, em busca de vestígios da Atlântida 100 milhas a oeste da costa inglesa. No local existe um grande declive submarino onde as pesquisas da equipe indicam a existência do que poderia ter sido uma ilha, encoberta pelo oceano. Como tantas interpretações de textos antigos, os russos basearam-se na lenda de Lyonesse, que seria uma terra de imensa riqueza, também conhecida como “cidade dos leões”, com 140 templos, e que teria afundado no mar. Até agora não se tem notícia do que os pesquisadores encontraram.

Ilhas Bimini (NASA, 1998).

Antes disso, o arqueólogo Henry Schliemann – um dos mais famosos da história e o descobridor de Troia – interessou-se pela Atlântida. Paul Schliemann, neto do arqueólogo, declarou em 1912 que teve acesso a vários trabalhos de seu avô. Segundo ele, Schliemann encontrou um dos papiros mais antigos do mundo, no qual é dito que o faraó Sent enviou uma expedição à procura da Atlântida, de onde seus ancestrais teriam vindo. Mais que isso, disse que Schliemann também encontrou peças com inscrições fenícias sobre a lendária civilização, e estabeleceu uma relação entre elas e os objetos e fragmentos encontrados em Tiahuanaco, na América do Sul.
Houve muita confusão em torno das declarações de Paul Schliemann e, como costuma acontecer nesses casos, arqueólogos acusaram-no de fraude. Seu avô teria encontrado o papiro no Museu de São Petersburgo, juntamente com um papiro de autoria do historiador egípcio Maneton, que situava o reino da Atlântida em cerca de 16 mil anos a.C.
A busca pelo passado, glorioso ou não, da civilização atlante não se limitou a tentar descobrir sua localização ou ruínas. Hoje em dia, muitos acreditam que a Atlântida tenha sido um centro colonizador e, mesmo antes da catástrofe que a teria destruído, espalhou sua cultura por vários pontos do planeta. Os sinais dessa colonização ainda seriam visíveis, especialmente no Egito e Américas.
A noção de que as Américas foram colonizadas por atlantes teve início em 1882, quando o americano Ignatius Donnelly publicou o livro Atlântida: O Mundo Antediluviano. Nessa obra, ele estudava uma série de semelhanças entre as culturas pré-colombianas e a do antigo Egito, propondo uma origem comum. O escritor e pesquisador Charles Berlitz, no entanto, entende que essa ideia é mais antiga do que isso, uma vez que o cientista e filósofo Francis Bacon acreditava, no século 17, que a América seria o próprio continente perdido da Atlântida. A narrativa de Platão também serviu como referência para o desenvolvimento dessa ideia, uma vez que ele não falava exatamente de uma ilha ou continente no meio do mar, mas de um “continente oposto”, que poderia muito bem ser a América.

Construção maia em Tulum, na costa do Caribe (Foto: Bjorn Christian Torrissen, 2010).

As investigações posteriores, que se estendem até hoje, mostraram inúmeras semelhanças entre as duas culturas, desde a construção de pirâmides até sinais muito parecidos para representar fonemas nos dois idiomas. Em alguns casos, os sinais gráficos de palavras maias e egípcias são exatamente iguais, significando a mesma coisa. Muitos pesquisadores entendem que essa proximidade cultural não pode ser explicada apenas pela coincidência, mas implica em algum tipo de relacionamento entre as duas civilizações.
Talvez o mais difícil talvez seja determinar em que época e de que forma ocorreu esse contato entre as raças do Egito e Oriente Médio e da América. Arqueólogos e filólogos que se dedicaram a estudar os sinais gravados em pedras no continente americano, inclusive no Brasil, insistem que o continente já era conhecido há muito, tendo sido visitado e, possivelmente, colonizado por egípcios, fenícios e sumérios em épocas diferentes.
Se tal afirmativa for comprovada fica bem claro que o conhecimento dos antigos sobre o nosso planeta não era tão limitado quanto se imagina.

A Atlântida Esotérica
Nos meios esotéricos, algumas pessoas entendem que a civilização atlante é mais antiga do que os 10 ou 20 mil anos que geralmente lhes são atribuídos. Fala-se até de um milhão de anos, quando o continente se estenderia da Islândia à América do Sul. Em cerca de 800 mil a.C., e depois em 200 mil a.C., cataclismos dividiram a Atlântida em duas: Ruta e Dayta. Após um terceiro abalo teria sobrado apenas uma parte de Ruta, chamada Poseidonis, ou Poseidônia.

Cristais
Uma das fontes do poder atlante seriam os cristais, capazes de prover energia, abrir portas dimensionais e realizar outros prodígios. Alguns acreditam que os restos da civilização se encontram submersos na região do mar das Antilhas, inclusive algumas pirâmides cujos cristais continuam ativos, originando os desaparecimentos no Triângulo das Bermudas.

Origem nas Estrelas
Helena Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, foi uma das primeiras pessoas a dizer que a Atlântida foi estabelecida pelos Senhores da Chama de Vênus, que trouxeram seus conhecimentos à Terra cerca de 18 milhões de anos atrás. Várias teorias ocultistas afirmam que os atlantes praticavam o psiquismo e se aperfeiçoavam mentalmente, sendo capazes de, em alguns casos, prever o futuro. O fim da civilização se deu quando os magos brancos e negros entraram em choque.

Vendo o Passado
Edgar Cayce (1877-1945) foi um dos mais famosos médiuns de todos os tempos. Ele acertou várias previsões sobre o futuro, como as duas guerras mundiais e a queda da Bolsa de Nova York. Também realizou o que chamava de “leituras de vida” – uma série de relatos entre os quais se incluem narrativas sobre a Atlântida, contando detalhes de como era a vida e a sociedade naquela civilização. Ele também disse que muitas pessoas já viveram vidas na Atlântida antes de reencarnar na época atual.
William Scott-Elliot também escreveu sobre o continente perdido em A História da Atlântida (1896), baseando-se nas informações que obteve usando “clarividência astral”. Para ele, a principal raça sobrevivente dos atlantes foi a tolteca, que praticava magia e tinha poderes mentais, além de um impressionante desenvolvimento tecnológico.

Muitas Atlântidas
A Atlântida continua sendo um dos principais atrativos dos que buscam indícios de civilizações desaparecidas. O problema é que ela tem surgido em tantos pontos diferentes do planeta que já não se sabe o que pensar a respeito.
Será que existe uma civilização perdida que já foi “encontrada” mais vezes do que a Atlântida? Nos últimos anos, ela foi “finalmente” localizada em tantos pontos diferentes do planeta que a situação chega a ser engraçada. Digamos que, se você se deslocar algumas centenas de quilômetros, em qualquer direção, seja qual for seu ponto de partida, vai encontrar alguma evidência da civilização perdida de Atlântida segundo uma das teorias apresentadas.
Nada contra as teorias, mesmo as mais alucinadas ou sem fundamento, porque no mínimo elas são divertidas; na melhor hipótese, fazem com que pensemos no passado longínquo do planeta, que certamente não foi o que costumam nos ensinar.
Assim, a Atlântida já foi apresentada no Oceano Atlântico (norte e sul), na América Central, América do Sul, Antártida, norte da Europa, Mediterrâneo, África, Oceano Índico, Oriente Médio e até na Ásia. O único problema com a imensidade de teorias sobre sua localização é que elas são excludentes.
Somem-se às teorias sobre a localização física da Atlântida aquelas que a consideram apenas uma fantasia, uma ilusão, o fruto de memórias ancestrais distorcidas, uma metáfora ou simbolismo utilizado para esclarecer determinados acontecimentos ou pontos de vista.
Não são poucos os que entendem que Platão jamais quis se referir à existência de uma Atlântida real, mas sim à condição humana em geral. Esse argumento, é claro, tem sua validade, imaginando-se que aquilo que era uma noção filosófica foi transformado num local real a partir das pesquisas de Ignatius Donnely, autor de A Atlântida, O Mundo Antediluviano (1882). No entanto, essa postura ignora por completo as chamadas escrituras védicas, que, segundo informações, datam de cerca de 3.000 a.C., e nas quais existem citações à existência não de uma, mas de duas grandes civilizações numa época muito recuada de nossa história, culturas que já eram antigas e tinham deixado de existir milhares de anos antes dos textos serem escritos.
Se for assim, o que Platão escreveu no Timeu e no Crítias, por volta de 380 a.C., seria uma história muito antiga já em sua época. O próprio Platão disse que a Atlântida – nome que pode ser encarado como uma escolha aleatória de Platão, ou não –, existiu 9 mil anos antes de sua época. Diz-se que mesmo na Grécia já eram conhecidas referências mais antigas à existência de civilizações extremamente desenvolvidas. Hesíodo fazia referência a uma “raça de ouro”, já por volta do século 8 a.C.
Os que criticam a suposta antiguidade do conhecimento sobre a Atlântida afirmam que essa noção surgiu com Helena Petrovna Blavatsky em seus livros Ísis Sem Véu (1877) e A Doutrina Secreta (1888), nos quais a fundadora da Sociedade Teosófica apresenta conhecimentos que, segundo explicou, foram obtidos de fontes até então desconhecidas do Ocidente. No entanto, estudiosos do vedismo e das culturas mais antigas da Índia costumam confirmar a citação, em documentos ancestrais, de civilizações fantásticas que teriam existido num passado remotíssimo.
É verdade que esta é a história – ou lenda, como deseja a maioria dos historiadores – que mais tem atraído a atenção da humanidade ao longo dos séculos, mas ultimamente a situação parece estar fugindo ao controle, tantas são as teorias a respeito. E são teorias até interessantes, mas tão diferentes que é impossível que todas estejam corretas.
Vamos ver a seguir algumas das mais recentes teorias, ou descobertas, da Atlântida.

No final de 2004, o pesquisador norte-americano Robert Sarmast afirmou ter localizado a Atlântida de forma “definitiva”, sob o mar, próximo à ilha de Chipre, o que contraria as informações de Platão. Segundo ele, uma bacia mediterrânea foi inundada num dilúvio por volta de 9.000 a.C., submergindo uma massa de terra retangular que, para ele, era a Atlântida. Essa massa de terra se encontra, agora, 1,5km abaixo do nível do mar, entre o Chipre e a Síria.

Imagem aérea da ilha de Chipre (Earth Sciences and Image Analysis Laboratory/ NASA Johnson Space Center, 1996).

Segundo Sarmast, as pesquisas realizadas com escaneamento de sonar indicaram estruturas construídas pelo homem, incluindo um muro de três quilômetros. De acordo com o pesquisador, nenhum artefato foi colhido no local, pois as estruturas ainda se encontram soterradas por vários metros de sedimentos.
No entanto, essa hipótese foi quase imediatamente refutada pelo geofísico alemão Christian Hubsher. Ele fez parte de uma expedição que explorou a área citada por Sarmast, e também verificou a existência de montículos no fundo do oceano. Só que, segundo ele, esses montes são vulcões de lama que apareceram há cerca de 100 mil anos. Geralmente, eles aparecem quando o sedimento do fundo do mar escoa de baixo da camada de sal marinho no exterior, fazendo com que o fundo se curve. O cientista explica que esses montículos aparecem em muitas regiões do Mediterrâneo.

A suposta localização da Atlântida no pântano de sal.

Também em 2004, uma “descoberta” foi anunciada no Antiquity Journal, uma publicação arqueológica bastante considerada. Segundo essa nova proposta, uma análise de uma imagem obtida por satélite teria permitido situar a “cidade” lendária da Atlântida num pântano de sal próximo à costa sul da Espanha.
Segundo a notícia, o local apresenta ruínas antigas que também parecem bater com a descrição de Platão. A tese foi levantada pelo físico alemão Rainer Kühne, da Universidade de Wuppertal, e diz que a região teria sido destruída por uma inundação entre os anos de 800 e 500 a.C.

O ano de 2004 foi fértil para as teorias. Outra tentativa de situar a Atlântida levantou a hipótese de que ela fosse, na verdade, a Irlanda. A teoria foi apresentada pelo geógrafo sueco Ulf Erlingsson em seu livro Atlantis From a Geographer's Perspective: Mapping the Fairy Land (Atlântida Sob o Ponto de Vista de um Geógrafo: Mapeando a Terra das Fadas).
Ele se disse surpreso por ninguém ainda ter levantado essa possibilidade porque, segundo ele, as medidas, a geografia e o cenário descritos por Platão combinam com a Irlanda. Ele disse que pesquisou dados geográficos do resto do mundo e, das 50 maiores ilhas, apenas a Irlanda tem uma planície central, como Platão afirmou, e as medidas exatas de comprimento e largura.
A diferença é que a Irlanda não desapareceu no mar. Mas o geógrafo entende que essa ideia surgiu devido ao destino do Dogger Bank, um banco de areia isolado no Mar do Norte, a cerca de 111km além da costa nordeste da Inglaterra, que afundou após ser atingido por uma grande inundação, por volta de 6.100 a.C.

Em 2002, o filósofo e escritor Colin Wilson, autor de O Oculto, publicou The Atlantis Blueprint – Unlocking the Ancient Mysteries of a Long-Lost Civilization (A Planta da Atlântida – Desvendando os Mistérios Antigos de Uma Civilização Há Muito Perdida), juntamente com Rand Flem-Ath, livro no qual apresenta outra proposta para a localização da Atlântida. Segundo os autores, ela estaria localizada na Antártida, e teria existido há pelo menos 100 mil anos. Segundo eles, uma parte da civilização teria sido identificada por meio de fotos obtidas por satélite, e estaria 1.400 metros abaixo da camada de gelo, o que tornaria impossível, nos dias atuais, uma investigação mais detalhada.
Eles entendem que essa civilização teria existido, na mesma época, também na América do Sul, teoria defendida por outros pesquisadores segundo os quais as ruínas de Tiahuanaco podem ser evidências da existência da Atlântida nos Andes.

                                                                     Estreito de Gibraltar (NASA, 1994).

Por volta do ano 2000, o cientista Jacques Collina-Girard, da Universidade do Mediterrâneo, em Aix-en-Provence, França, levantou a hipótese de que a Atlântida estaria localizada próxima ao Estreito de Gibraltar. Ele entendia que o baixo nível do mar, por volta de 9.000 a.C., poderia ter exposto uma série de ilhas na região, facilitando uma migração da África para a Europa.
Ele fez um remapeamento da região, imaginando como seria na época citada, e chegou à conclusão de que uma das ilhas se parecia com a descrição da Atlântida feita por Platão. Quando as geleiras do norte derreteram, as ilhas teriam desaparecido. No entanto, não se encontrou qualquer comprovação ou evidência física apoiando a teoria.

Em 2000, uma descoberta importante no Mar do Caribe se somou à já extensa série de especulações a respeito da existência da Atlântida na América Central. Os cientistas envolvidos na descoberta não levantaram a “hipótese da Atlântida”, mas foi difícil deixar a ideia de lado. A exploração foi realizada no fundo do mar, próximo a Cuba, pela Advanced Digital Communications, uma empresa canadense, em conjunto com a Academia Cubana de Ciências.
A responsável pelo projeto foi a engenheira oceanográfica Paulina Zelitsky, que comunicou à imprensa que estruturas imensas, construídas pelo homem, inclusive pirâmides, haviam sido localizadas a cerca de 640 metros de profundidade. Algumas das pesquisas iniciais indicaram que o local poderia ter cerca de 6.000 anos, ou seja, teria sido construído 1.500 anos antes das pirâmides do Egito.
Os cientistas cubanos chegaram a negar a possibilidade de que as estruturas realmente tenham sido construídas pelo homem, mas os cientistas da empresa canadense confirmam a hipótese. Mais do que isso, diz-se que o terreno em que as construções se encontram levaria cerca de 50 mil anos para ficar a 600 metros abaixo do nível do mar numa época em que, segundo a ciência ortodoxa, não havia uma civilização organizada na região.
No entanto, essa é mais uma informação que confirma o ponto de vista daqueles que entendem que a idade das civilizações terrestres é muito maior do que se supõe.

Platão escreveu que a Atlântida estivera localizada além das Colunas de Hércules, o Estreito de Gibraltar, em algum ponto do Oceano Atlântico ou, segundo algumas interpretações, além do oceano. Assim, durante muitos anos, as pesquisas e teorias procuravam localizar a Atlântida entre a Europa e a América do Norte, mas parece não haver evidências de que qualquer grande massa de terra tenha “afundado” no mar naquela região – na verdade, a maioria dos cientistas afirma que massas de terra não afundam simplesmente no mar.
Dessa forma, os pesquisadores começaram a se voltar para outras direções. Uma delas foi o mesmo oceano Atlântico, mas entre a América do Sul e a África, de modo que as ilhas Canárias poderiam ser um resquício do continente desaparecido. Mais uma vez, a ciência não sustenta esse ponto de vista.
Uma ideia que parecia mais plausível era a de situar a suposta Atlântida na América Central, mais exatamente no Mar do Caribe. Os maias e astecas poderiam, segundo esse ponto de vista, ser descendentes diretos dos atlantes. Na cultura asteca o nome Aztlan indica um local mítico de onde o povo teria se originado. Diz-se que o primeiro a sugerir que a América fosse a Atlântida foi John Dee (1527-1608), uma das personagens mais misteriosas da história.
Assim, quando o famoso vidente norte-americano Edgar Cayce (1877-1945) profetizou que sinais da existência da Atlântida seriam descobertos perto das ilhas Bimini, no Mar do Caribe, muita gente acreditou. Mais do que isso, nos anos 1950/60 foram de fato descobertas ruínas na região de Bimini, até hoje pouco exploradas e motivo de controvérsias.
As ruínas descobertas próximas a Cuba complicam bastante as explicações oficiais ou ortodoxas sobre as antigas civilizações da América e reforçam as teorias não oficiais que veem as Américas como o berço de civilizações com dezenas, senão centenas de milhares de anos de existência.
Dá para entender por que os cientistas ficaram tão nervosos com essas novas descobertas.

 

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